A Santa Religião

Bandeira dos Fanáticos

 

Pra ser soldado de José Maria

Tinha que ser purificado

Dessa forma ele até podia

Pedir graças e ser perdoado.

 

Dentro do acampamento

Precisava ter nome de santo

Para escapar do tormento

Participava das rezas e do canto.

 

O respeito á família era prática usual

Quem desrespeitasse uma mulher

Onde os usos de rígida moral

Perderia a vida como a lei ali requer.

 

Quem a lei desobedecesse

Sofreria penalidade bem visível

Receberia logo que o chefe ordenasse

Sete varadas com vara flexível.

 

Todos os moradores de longe

Que contrários se faziam

As idéias pregadas pelo Monge

Suas propriedades perderiam.

 

Este era o tipo de religião

Que o sertanejo em sua rebeldia

Seguia no recôndito sertão

Em nome do Monge José Maria.

 

A religião era muito simples

De grande e real beleza

Amar e entender a Deus

Por obra da natureza.

 

Esse era o ensinamento

Do Monge João Maria

um homem de bom conselho

E de grande sabedoria.

 

Porém a doutrina do Monge

Da guerra ficou ausente

Olho furava olho

Dente arrancava dente.

 

A doutrina de João Maria

Foi posta logo de lado

Na guerra não há perdão

E nada é tolerado

Não serve pra guerreiro

E menos pra soldado.

Guerreira Santa Maria Rosa

Pintura Willy Alfredo Zumblick

 

A jovem Maria Rosa

Era alegre e independente

Não sabendo ler, era prosa

Nos momentos importantes

Estava sempre à frente.

Gostava de animais

Dominava toda a gente

Nas procissões matinais

Ia com a bandeira importante.

Levando a grande bandeira

Guiava o povo temente

Nas lutas pela clareira

Pra a vitória daquela gente.

Como chefe e visionária

Comandava o povo guerreiro

Dando ordem diária

Com ajuda de conselheiros.

Como juíza do povo

Ordenava o que fazer

Se chegasse algum caminho

Tinha que ficar  ou  desaparecer.

Fêmea do divino

Pecado do homem

Fé em desatino

Prova o que se tem

A gula no destino.

Foste Afrodite

Heras do apocalipse

A quem acredite

Lançou seus olhos de lince

Lutando contra o injusto

Matando e morrendo a todo custo.

Foste à tentação no sertão

O pecado do divino

Dominava homens sem razão

Guerreiros e jagunço

Impondo no reduto

Leis e obediências

Caboclos matutos

Feras sem temências

Na guerra do século.