Guerreiro de Ouro

 

 

Ouço gritos rebeldes

Murmúrios de um sonhador

Semblante da terra do fogo

Mundo imaginário na mente

Viajante em névoa estéril

Sofrimento…

Amargura e dor

Sábio guerreiro Miguel.

 

Falo palavras sem nexo

Como um visionário de conflitos passados

Procuro universos abarcando pensamentos

Revoltos em tédio da alma carente

E sem querer encontrar

Encontro sua história

Prisão, paixão e guerra

Cenas passam minha memória.

 

Consciência por liberdade

Grito de justiça

Pena que vale ouro

Palavras contém verdade

A favor dos humildes

O forte e fraco povo.

 

O papel tornou sua arma

Contra ditadores

Que o amarram em ferro

Mas não os ideais

Que manteve vivo

E uniu com sonhadores

Trouxe esperança

A glória de novo

Miguel do povo.

 

Poesia selecionada (Espanhol) na Antologia de Miguel Hernández

Palavras de Miguel

 

 

A mensagem do poeta

Irado com a fome do povo

Olho de ambição

Face hipócrita

Palavras de Miguel.

 

E tantos poetas

Buscam liberdade

Sentem na carne

Ferros do ditador

Palavras de Miguel.

 

Persistiu e não fugiu a luta

Falou de esperança

Sonhou…

Mesmo com gritos de guerra

Neurose maldita

Realizou Miguel

Na vida e nas letras

Dando luz aos aflitos.

 

Miguel do povo

Não esperou acontecer

Lavou a alma

Venceu a ignorância do poder

Unindo com Vicente e Neruda

Eternizando no tempo.

 

Poesia selecionada (Espanhol) na Antologia de Miguel Hernández

Amigo Miguel

 

Amigo Miguel…

Espero chegar em palavras

Encontrá-lo no pensamento

Imaginar suas lutas

Guerra de letras

Sobreviver o momento.

 

Nasceu na humildade

O destino pregou peças

Venceu todas

Uma a uma

Tendo a honestidade

Coragem de encarar a verdade

No caminho da vida.

 

Com o passar dos anos

Fatos determinam seu destino

Mais péssimos do que bons

Uns em terreno firme e outros em corda bamba.

Tropeçou, caiu com lama no corpo

Amigo Miguel…

Levante, limpe persista.

 

De repente Miguel…

Você para e analisa tudo o que ficou para trás

O que está à frente

E vê que muitos esforços foram em vão

Sente a dor das surpresas

Alado no coração

Mas outros sacrifícios valeram à pena.

 

Nasce o sonho

Um sonhador

Frente ao sofrimento

Tormento do inesperado

E você lutou Miguel…

Pelos fracos e oprimidos

Assim como Neruda e Vicente

Liberdade! Justiça social

Grita consciente

Eterno Miguel!

 

Poesia selecionada (Espanhol) na Antologia de Miguel Hernández

Independência do Brasil

 

Janeiro de 1822, D. Pedro I decide retornar a Portugal, mas ao conceder audiência a José Clemente Pereira, que traz consigo um manifesto com oito mil assinaturas de nobres, políticos, altos cleros católicos, comerciantes e fazendeiros. O regente imperial dá imortal resposta histórica: “Como é para o bem de todos e felicidade da nação, diga ao povo que fico”.

Janeiro de 1822, a divisão auxiliadora no comando de Jorge de Avilez tenta se opor à decisão de D. Pedro I ficar no Brasil. As forças portuguesas de Salvador recebem ordens para sufocar os rebeldes, depois de vários bombardeios e combates contra o inimigo, o improvisado exército de libertação debanda em completa desordem, deixam Salvador a mercê das forças portuguesas.

A partir desse momento histórico, desencadeia uma sequencia de saques e uma desumana chacina contra a população. O Convento da Lapa não escapa da sanha, executam sumariamente a madre Joana Angélica de Jesus e as demais freiras internas. O exército de libertação se organiza, desencadeando novamente violentos combate com as forças portuguesas, a divisão auxiliadora se rende e retorna para Portugal.

Agosto de 1822 é lançado às cartas por Gonçalves Ledo e José Bonifácio, onde D. Pedro I proclama a independência do Brasil, e declara guerra contra o desembarque de forças militares lusas.

Setembro de 1822, D. Pedro I ao retornar de uma viagem de Santos, com o objetivo de ver a sua amante: Domitila de Castro e Melo – Marquesa de Santos, é abordado por um mensageiro de José Bonifácio e D. Maria Leopoldina de Habsburgo, relatam ao príncipe regente às ordens para regressar a Lisboa no prazo de um mês, indignado tira o tope lusitano e lança longe, após dirige ao oficial de sua guarda pessoal, determina: “Desde este momento estamos separados de Portugal. E a nossa divisa de hoje em dia, será… Independência ou Morte”. Por incrível que possa parecer, o Brasil não conseguiu desvencilhar de Portugal, e de quebra levou à morte milhares de brasileiros.

Outubro de 1822, em ato solene pelos senadores e deputados do império brasileiro, D. Pedro I é aclamado imperador e defensor perpétuo do Brasil. Essa comenda oficial conta com o apoio dos nobres da corte, cafeicultores, fazendeiros, ricos comerciantes e empresários, inclusive a Loja América do Brasil e a Loja Maçônica.

Novembro de 1822, o general Pierre Labatut no comando de cinco mil oficiais e soldados imperiais, derrota as forças portuguesas em Sergipe, monta o bloqueio militar em Salvador por tempo indeterminado, derrota-os em Pirajá, Itapoã, Conceição e concentra um ataque maciço às Ilhas da Madeira. General Labatut ordena várias execuções de soldados das tropas portuguesas, é deposto do cargo e preso nas Ilhas das Cobras – Rio de Janeiro.

Principais Personagens: José Clemente Pereira, José Bonifácio de Andrada e Silva, Jorge de Avilez, Gonçalves Ledo, Manuel de Carvalho Pais de Andrade, general Madeira, D. Maria Leopoldina, Miguel Calmon Du Pin e Almeida, Antônio Paulino Limpo de Abreu, Rafael Tobias de Aguiar, José Martiniano de Alencar, Frei Francisco de Monte Alverne, Martim Francisco de Andrada e Silva, coronel Francisco Inácio de Sousa Queiróz, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, Joana Angélica de Jesus, Tristão Gonçalves Pereira de Alencar Araripe, D. Marcos de Noronha e Brito, Manuel Jacinto Nogueira da Gama, Cipriano José Barata de Almeida, Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, David Canabarro, Bento Gonçalves da Silva, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, Luiz Alves de Lima e Silva, José Hipólito da Costa, José Lino dos Santos Coutinho, Luís Pereira Nóbrega Coutinho, João Nepomuceno Carneiro da Costa, Diogo Antônio Feijó, Manuel Joaquim do Amaral Gurgel, Manuel do Monte Rodrigues de Araújo, Joaquim Gonçalves Ledo, D. Pedro I, D. Maria Leopoldina de Habsburgo, João Batista Libero Badaró, Francisco de Lima e Silva, José da Silva Lisboa, Maria Quitéria de Jesus Medeiros, Mariano José Pereira da Fonseca, Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, Pedro de Araújo Lima, Domitila de Castro Canto e Melo – Marquesa de Santos, Bernardo Pereira de Vasconcelos, Evaristo Ferreira da Veiga, Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, Marques de Tamandaré. O líder da cúpula independente em sua totalidade é composto por emigrantes ou descendentes de europeus.

Julho de 1823, general madeira, comandante das tropas portuguesas contra a independência é derrotado pelas forças imperiais brasileiras e obrigado abandonar às pressas a província da Bahia, retornando a Portugal.

O imperador e seu sócio marquês de Barbacena decidem fazer secretamente diversos empréstimos a instituições financeiras inglesas, no valor de dois milhões de libras esterlinas, pagando a divida da independência imposta pelo império português. Na verdade, a independência do Brasil não foi verdadeiramente conquistada, mas sim, comprada por D. Pedro I. Com essa atitude extrema e imoral, permanecia na corrida ao reinado de Portugal.    

 

Texto do livro “Revolta dos Excluídos” Publicado e disponível no Domínio Público do MEC.– Pintura “Grito do Ipiranga” de Pedro Américo 1888.